O artigo de hoje vai transpor o limite das empresas e ir para o limite da sustentabilidade. Foi a forma que encontrei de me posicionar em relação a crise.

Dizem que os chineses usam o mesmo ideograma para crise e para encruzilhada. Naquela cultura milenar as crises podem (e devem) ser utilizadas para realizar mudanças que raramente acontecem em tempos normais. O que dizer então da conjunção de várias crises: A maior recessão mundial socioeconômica originada pela especulação financeira em Wall Street, brincando de roleta russa com a globalização assimétrica e caminhando de mãos dadas com a ameaça de mudanças climáticas possivelmente irreversíveis. Aquilo tudo que muitas vezes ouvimos os nossos governantes afirmar que são apenas “marolas”.

Todos temos as nossas crises prediletas. São as crises dos valores, das pandemias, da demografia, da economia, da energia, da especulação financeira, da educação, da pasteurização cultural, de identidades, da banalização da vida, da miséria que explode no mundo, da falta de água que já atinge mais de um bilhão de pessoas. A questão não é mais a de escolher a crise que nos pareça mais ameaçadora. A verdadeira ameaça vem de uma convergência impressionante de tendências críticas, da sinergia de um conjunto de comportamentos até compreensíveis, mas profundamente irresponsáveis, e frequentemente criminosos, que assolam o nosso pequeno barco.

Nas últimas décadas, fechamos o horizonte estatístico do planeta. Com todas as variações possíveis nos detalhes, no conjunto, hoje sabemos o que está acontecendo. E a imagem que emerge é simplesmente trágica. Mas a agenda e os desafios são gigantes pois trata-se de salvar o planeta. E para que possa haver sustentabilidade é preciso reduzir as desigualdades, assegurar o acesso ao trabalho digno e de corrigir as prioridades produtivas. A convergência dos desequilíbrios, o escândalo da desigualdade, o desafio do acesso ao trabalho digno e a deformação das prioridades fazem parte destes desafios.

Nosso planeta conta com mais de sete bilhões de habitantes, com um aumento anual da ordem de 75 milhões. Se hoje falta comida para muita gente, daqui 30 anos faltará muito mais! É preciso urgentemente pensar em mudanças de comportamento individual e da cultura do consumo. O respeito às normas ambientais, a moderação do consumo, o cuidado no endividamento, o uso inteligente dos meios de transporte, a generalização da reciclagem, a redução do desperdício – há um conjunto de formas de organização do nosso cotidiano que passa por uma mudança de valores e de atitudes frente aos desafios econômicos, sociais e ambientais. No apagão energético do final dos anos de 1990, no Brasil, constatou-se como uma boa campanha informativa, o papel colaborativo da mídia e a punição sistemática dos excessos permitiram uma racionalização generalizada do uso doméstico da energia. Esta dimensão da solução dos problemas é essencial e envolve tanto uma legislação adequada como, sobretudo, uma participação ativa da mídia.

Hoje, 95% dos domicílios no Brasil têm televisão, e o uso informativo inteligente deste e de outros meios de comunicação tornou-se fundamental. Frente aos esforços necessários para reequilibrar o planeta, não basta reduzir o “massacre publicitário” que apela para o consumismo desenfreado, é preciso generalizar as dimensões informativas dos meios de comunicação. A mídia científica praticamente desapareceu, os noticiários navegam no atrativo da criminalidade, quando precisamos vitalmente de uma população informada sobre os desafios reais que enfrentamos. Grande parte da mudança do comportamento individual depende de ações públicas: as pessoas não deixarão o carro em casa (ou deixarão de tê-lo) se não houver transporte público, não farão reciclagem se não houver sistemas adequados de coleta. Precisamos de uma política pública de mudança do comportamento individual.

A IMPORTÂNCIA DA TECNOLOGIA

Em nosso mundo de hoje, a tecnologia é onipresente. As evoluções tecnológicas nas últimas décadas têm transformado significativamente a forma como as pessoas vivem e se comunicam, e a forma de operação dos negócios ao redor do globo. Das bilhões de pessoas no mundo, cerca de metade têm telefones celulares e quase um quarto tem acesso à internet. Indiscutivelmente, o ritmo da mudança continua a se acelerar.

A onipresença da internet e das comunicações móveis, o enorme poder de processamento disponível, a quase ilimitada capacidade de transmissão e de armazenamento de dados estão criando propostas e oportunidades que eram impensáveis cinco ou dez anos atrás. O custo dos aparelhos despencou com os avanços na tecnologia de silício, e sua utilização tem aumentado significativamente com os avanços na miniaturização. A comunicação portátil e dispositivos de informação tornaram-se convenientes e acessíveis à realidade cotidiana de milhões de pessoas. A informação já está disponível a quase todos, em qualquer lugar, a qualquer hora e quase todos podem contribuir.

Novas tecnologias também criaram uma plataforma de cooperação global que elimina as barreiras da geografia, distância e tempo. Então, o que acontece depois? A maioria dos especialistas acredita que estamos apenas na fase inicial da revolução tecnológica digital. Como a tecnologia é disponibilizada cada vez mais em código aberto e são os países emergentes que contribuem para a inovação em maior medida, a dimensão da inovação irá aumentar, assim como a participação em tais avanços.

Os avanços da última década em termos de tecnologia, inovação e conhecimento criaram a necessidade de regulamentar a propriedade intelectual de uma forma completamente diferente. A tecnologia está em toda parte e tem literalmente invadido nossas vidas – de telefones celulares, aplicações de software, códigos de barras a dispositivos portáteis!

As economias estão ficando cada vez mais dependentes da exploração destas tecnologias para criar e agregar valor aos recursos existentes. Por causa destes avanços, o “modelo valor agregado” foi alterado, consequentemente, criando uma fronteira na forma de crescimento das economias. Cada país tem que encontrar uma maneira de sair deste dilema. Desnecessário dizer que o caminho da inovação tecnológica obriga todos a se reposicionarem.

E há outros desafios. Demografia, migração e urbanização são terrenos mais e mais evidentes de transformação e de possíveis polarizações sociais. O grande aumento na população em idade ativa dos países em desenvolvimento, devido às altas taxas de fertilidade; o envelhecimento da população nos países desenvolvidos; o ganho de influência das grandes cidades sobre o futuro de grandes territórios e, por vezes, de países inteiros; o dramático aumento da concentração urbana; tudo, somado ao aumento da mobilidade (migração rural-urbana nos países em desenvolvimento, bem como a migração internacional), cria sérias ameaças à coesão social, integração e emprego. Isso deverá ser abordado de forma holística, abrangente e com crescente urgência.

MAS AFINAL, PARA ONDE VAMOS?

Esta pergunta vale um milhão de dólares e ninguém a tem com certeza. Eu também não a tenho. Mas de uma coisa eu tenho certeza: Se os governantes não governarem as suas nações com olho no futuro, não adiantará o que fizerem no presente. Eu defendido junto aos meus amigos e alunos que é preciso que a sociedade esteja mais atenta, mais “antenada”. Sem assumir paixão por esta ou aquela figura pública, este ou aquele partido político. O BARCO É UM SÓ E SEU NOME É TERRA. É preciso que uma parcela significativa destas sete bilhões de cabeças se unam enquanto há tempo de “tapar” os buracos no casco sem que o barco afunde.

Pessimismo? Jamais… ISSO É REALISMO!

 

2 respostas

  1. Caro Rudi, parabéns pelo excelente textos. Especialmente no Brasil vivemos momentos de muita turbulência que exige participação ativa da população e mudança em seu comportamento. Não estamos em uma luta da esquerda contra a direita, ou do partido A contra o B, mas sim de uma luta contra a péssima classe politica que aí está. O Brasil precisa mudar muito e rápido. Abraços Daniel Sartori

    1. Querido Daniel, muito obrigado por assinar meu BLOG. E que alegria receber seu comentário. Tenho várias coisas escritas mas a maioria nem é publicada. Mas sua colaboração me estimula a intensificar a rotina de publicações. Tenho muita vontade de revê-lo e palestrar sobre empregabilidade em alguma instituição no RS. Um forte abraço meu amigo, sucesso.

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