O DESAFIO DA APRENDIZAGEM ATIVA NA EDUCAÇÃO CONTEMPORÂNEA: ALGUMAS REFLEXÕES E PROVOCAÇÕES

Por Rudimar Ferreira Birgman (*)

 

Participar ativamente da construção de novos conhecimentos e desenvolver competências foi o que nos motivou a ingressar no Mestrado em Tecnologias Emergentes em Educação, da MUST University. Nos últimos três meses estamos tendo a oportunidade de estudar e refletir sobre a educação, no prisma da tecnologia à serviços das pessoas. Num novo modelo de ensino, para um público multifacetado, com inúmeras características extremamente diferenciadas dos alunos que estamos habituados a atender ao longo de quinze anos em sala de aula, facilitando conteúdos para adultos, a grande maioria com carreira profissional desenvolvida ou buscando desenvolvê-la.

 

INTRODUÇÃO

As ponderações expostas nesse breve artigo são alinhadas com o seminário Educação 4.0, mediado pela competente professora Alexandra Caetano (**). É dela uma reflexão bastante significativa e que se aplica sob medida ao meu caso. Diz a professora Alexandra em seu e-book intitulado “Do Presencial ao Digital”, “Atuar como facilitador, multiplicador, palestrante e como professor exigem algumas competências didático pedagógicas. Estas competências acabam por nos capacitar para atuar no presencial. Estar ali, cara a cara com o participante e/ou aluno, faz toda diferença. Entretanto nenhuma dessas competências nos prepara de forma efetiva para o que acontece no meio digital. E sabe por quê? Quando estamos em sala de aula, ou ministrando uma palestra, ou mesmo realizando o repasse de algum conteúdo de capacitação, temos a reação da assistência como termômetro para o que vamos fazer. Aprendemos a identificar pelo olhar, pelos movimentos corporais, pela forma como tencionam os músculos da face, se eles estão entendendo o que está sendo dito, se faz sentido. No digital, essas reações tornam-se uma incógnita. Não sabemos exatamente o que esperar. Qual será o feedback? Como saber se as expectativas foram atendidas?

 

DESENVOLVIMENTO

Para colaborar na compreensão do tema, quando se fala em aprendizagem ativa, na área de educação, estamos falando da ideia de trazer todas as tecnologias disponíveis e realmente lidar com novos ambientes. Não apenas na questão de tecnologia em si, mas o trabalho feito em rede, com efetivo protagonismo do aluno. Colocar esse aluno como autônomo dentro do processo pessoal de aprendizagem trabalhar com a ideia de que temos disciplinas que são interconectadas e deixar de ser aquele hiper-especialista para realmente combinarmos novos conteúdos, combinarmos tecnologias e estratégias. E então passarmos a trabalhar com a educação.

É preciso adentrarmos num contexto no qual o professor não é mais dono do saber, como no passado no qual o professor detinha uma posição, um patamar de autoridade. Agora o professor educador é o que efetivamente abre espaço para que o aluno possa questionar e trazer novos elementos para que se possa dialogar. Com as novas tecnologias e com as necessidades e demandas que são iminentes, não só dentro do processo de ensino e aprendizagem, mas dentro da sociedade como um todo, nós não estamos formando pessoas ou trabalhando com formação de pessoas apenas para atender um requisito de ensino, ao contrário. Nós estamos trabalhando ativamente para atendermos a nova sociedade que está surgindo, a partir de uma quarta revolução industrial que bate à nossa porta? Esta é uma questão que precisa ser respondida o quanto antes.

Dentro de uma nova proposta de educação, as tecnologias desempenham papel crucial, mas somente a tecnologia não resolve o problema. O desafio é trabalhar com os conceitos e teorias e como que fazer esse movimento da teoria à prática como que isso funciona. Ou seja, de nada adianta ficar teorizando conceituando e se o professor não conseguir trazer o “fazer” para dentro do contexto.

E um grande cuidado a tomar: Quando a gente fala de tecnologias é preciso repensar as metodologias com as quais o professor trabalha. Se pararmos para pensar, o próprio fato de utilizar papel caneta, de utilizar uma calculadora isso tudo é uma tecnologia que foi implementada para que o professor pudesse desenvolver determinado de aprendizagem. Mas hoje temos na sala de aula um aluno acessando o celular, a internet, descobrindo informações muito mais atuais que o professor está passando. A postura do professor deve ser a de “parceiro do sucesso do aluno”, sentar-se ao lado, discutir e fazer com que esse aluno traga questionamentos. E fazer com que o aluno possa perceber além daquele conhecimento o que está no livro.

A questão central deve ser compreender a forma como esse novo aluno constrói o conhecimento e trabalha com a construção do conhecimento certo. Quando se pensa no professor enquanto uma autoridade ou como até a pessoa que sabe lidar com todas essas tecnologias muitas vezes ele é apenas um “imigrante digital” e não há como o “imigrante digital” se equiparar ao nativo digital que são as crianças jovens adultos que já nasceram plugados na internet. Não tem como comparar, mas a ideia é se manter atualizado manter-se dentro da expectativa de que sempre é possível melhorar e trazer outras informações relevantes a estes.

Os benefícios da aprendizagem mista ou híbrida (Blended Learning), na sala de aula .
O conceito de “aprendizado híbrido” também chamado de “Blended Learning”, é relativamente bem conhecido e trata-se de um aprendizado que mescla as modalidades presencial e a distância. No meio acadêmico está sendo difundido em maior escala, mas já se observa que cada vez mais empresas buscam este método de ensino em treinamentos corporativos a fim de capacitar seus colaboradores. Casando assim a indispensável tecnologia com o ambiente rico da sala de aula.

Uma disfunção relatada por especialistas dá conta que “quando se pensa em aprendizagem mista, logo se imagina a possibilidade de transformar em online aquilo que é o estudo conceitual teórico ou aquilo que pode ser trabalhado de forma autônoma pelos alunos, onde ele pode inclusive dispor de atividades”, o que pode levar a distorções na adoção desta modalidade de ensino.

Analisando e pesquisando sobre o tema, identificamos várias vantagens e abaixo estão as cinco que nos pareceram mais relevantes, sem que esteja em ordem vez que todas são importantes. São elas:

Diversificação das formas de aprendizagem
É reconhecido pela neurociência que estudar em lugares diferentes facilita o aprendizado de longo prazo. Por isso, existe uma vantagem em trabalhar com aprendizagem combinada. Você oferece maiores chances de retenção a longo prazo. Além disso, o ensino presencial impõe um ritmo (o do especialista ministrando o conteúdo), enquanto o curso online permite que o colaborador siga o seu ritmo de estudos.

Redução de custos
Ao implementar uma estratégia Blended Learning, a educação a distância pode fazer com que seja reduzida a carga horária presencial. Desta forma, os custos com diárias de professores, deslocamentos e aluguéis de locais, são reduzidos em até 80%. Além disso, o conteúdo online pode ser facilmente atualizado, o que descarta a necessidade de novos treinamentos presenciais no caso de novos funcionários, reciclagem de conhecimento e atualização de conteúdo.

Introdução da cultura e-Learning
O Blended Learning é uma forma interessante de introduzir a cultura e-Learning. Mesclar uma capacitação presencial com ensino a distância ajuda as pessoas a se adaptarem ao cenário tecnológico que vem transformando a educação mundialmente.

Abordagem mais adequada, conforme o tipo de conteúdo
Diferentes conteúdos exigem abordagens distintas. Conteúdos teóricos, leituras, demonstração de sistemas/softwares, apresentam ótima adequação quando abordados à distância por exigirem mais atenção. Conteúdos mais complexos e subjetivos, como os comportamentais, que exigem alguma interação social, assim como operações manuais ou conteúdo que visam discussões mais profundas, são alguns exemplos em que vale priorizar o ensino presencial.

Nivelamento dos membros da turma
No método presencial, é comum receber pessoas com diferentes conhecimentos prévios, dificultando o planejamento das aulas por parte do professor. Com o Blended Learning, o conteúdo online pode ser disponibilizado como pré-requisito para a aula. Assim, as pessoas poderão chegar com o mesmo nível de conhecimento. O aluno ainda tem a vantagem da gestão do seu tempo para assimilar o conteúdo novo e levar questões para a sala de aula, sem a pressão do aprendizado imediato mais comum no treinamento presencial.

 

CONCLUSÕES
A aprendizagem ativa é composta por um conjunto de práticas pedagógicas que abordam a questão da aprendizagem pelos alunos sob uma perspectiva diferente das técnicas clássicas de aprendizagem, onde tipicamente o “professor ensina” e o “aluno aprende”. A aprendizagem ativa altera este modelo mental pois pressupõe que o aluno saia do papel de “mero recebedor de informações” e passe a engajar-se numa “postura ativa em busca do conhecimento”, colocando esforço e foco conforme seus objetivos de desenvolvimento. Tornar a educação mais atrativa e integrada aos hábitos dos alunos através do Blended Learning facilita o trabalho dos educadores envolvidos e torna os alunos mais informados e interessados em todo o processo de aprendizagem.

Na ótica de treinamentos corporativos, que é o nosso campo de interesse ao cursar este mestrado, a aprendizagem mista (Blended Learning) é uma excelente alternativa estratégica para programas de treinamentos pois otimiza o orçamento dedicado ao projeto, motiva a equipe pela mudança da rotina, e torna mais fácil a adaptação aos diferentes tipos de conteúdo.

 

REFERENCIAS
Caetano, Alexandra – Do Presencial ao Digital – Negócios Digitais na Prática, 2017, 41 p

Workshop Educação 4.0 – Participação ativa ao longo de todo o programa.

https://www.edools.com/blended-learning/ acesso em 29/10/2018

 

(*) Bacharel em Administração de Empresas (FESP), MBA em Gestão de Negócios (IBMEC), mestrando em Educação (MUST University EUA). Professor na Pós-graduação na Universidade Positivo e UniOPET. Palestrante e consultor organizacional, fundador da RB Desenvolvimento Estratégia e Gestão.

(**) Fundadora da Negócios Digitais na Prática e Idealizadora da Academia de Negócios Digitais. Empresária,  empreendedora, Consultora e Gestora de Projetos de e-Learning. Designer instrucional, Especialista em Educação a Distância. Possui doutorado e mestrado em arte e tecnologia, com foco de suas pesquisas em interfaces, processos criativos,  interação, dispositivos de interação e games, aplica seu  conhecimento no design de cursos online.

4 respostas

  1. Excelente seu artigo, prof. Rudi! Realmente temos que pensar a educação no formato 4.0, buscando todas as formas de aproximar o conhecimento daqueles que o procuram, facilitando o acesso e diversificando a forma. É fundamental que o aluno sempre leve novas informações na sua “mochila” de conhecimentos, seja on-line, seja presencial, nossa função primordial é instigá-lo a continuar aprendendo. Sucesso sempre!

  2. Fantástico! Pensar de forma inovadora quanto aos processos educativos é estar um passo à frente na nova educação, que é humanista, tecnológica, ativa e autônoma. Aplicar métodos ativos, como o próprio nome já diz, é fugir do método passivo, ainda muito usado em salas de aula, onde o professor ensina e o aluno (deveria) aprende. No entanto, já sabemos, que o melhor modelo é tornar o discente participante do processo de ensino, atuante e acima de tudo, descobridor autônomo da aprendizagem. Eu espero de verdade que essa concepção tão inovadora que relata, se espalhe pelos projetos educativos, pois sem dúvida esse novo modelo é sensacional e engaja alunos sempre que aplicado. Parabéns pelo artigo, muito bem escrito, organizado e claro.

    1. Oi Carol, muito obrigado pela sua contribuição. Nosso curso está oportunizando grandes reflexões sobre este assunto tão apaixonante que é a educação. Obrigado pelas palavras de estímulo. Sucesso para nós. Abraço!

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