GOVERNANÇA CORPORATIVA NA EMPRESA FAMILIAR

 

Governança Corporativa é um tema quase sempre relacionado com grandes empresas ou empresas que tenham capital aberto. Nesta breve reflexão refletiremos sobre a adoção de boas praticas nas empresas consideradas como  familiares. Desejamos boa leitura!

Nos dias de hoje, mais e mais empresas familiares brasileiras estão percebendo que, a prática dos princípios de transparência, equidade e responsabilidade pelos resultados perante aqueles sócios que não estão envolvidos na administração, evita, ou pelo menos ajuda, a administrar muitos conflitos típicos de empresas familiares.

Ao analisarmos esses valores frente à dinâmica da empresa familiar, verificamos que é a falta dos valores de governança corporativa que potencializa tantos conflitos e muitas vezes, põe em risco a própria sobrevivência de muitas empresas familiares no Brasil, ou em qualquer parte do mundo. Com efeito, algumas vezes, é a falta de transparência junto aos familiares que estão fora da administração da empresa, outras vezes é o tratamento desigual entre os familiares com direitos iguais, ou ainda, a falta de responsabilidade pelos resultados daqueles que estão na administração da empresa frente aos que não estão, que provocam tantos conflitos na empresa familiar, chegando a comprometer a sua continuidade como negócio.

A adoção de governança corporativa entre empresas familiares traz ainda, outras vantagens e a primeira delas é de reduzir os riscos do processo de sucessão.

Um conselho de administração que tenha participação de conselheiros externos possibilita um acompanhamento seguro dos negócios por parte do fundador que pode se afastar, paulatinamente, das operações, sem riscos excessivos para a empresa, reduzindo o risco do processo de sucessão.

Além disso, este tipo de conselho de administração possibilita treinamento para o sucessor e proporciona maiores chances de estabilidade da empresa e dos negócios, na ausência do fundador.

A segunda vantagem é a de proporcionar aos principais acionistas ou sócios, condições de atuação ou participação na gestão de suas empresas, sem estarem necessariamente envolvidos nas operações.

Como mostram as pesquisas sobre este tema, as empresas familiares a partir do processo de transição da 2ª (segunda) para a 3ª (terceira) geração, normalmente deixam de ser sociedades de pessoas e passam a ser sociedade de capital. E é neste momento, com a separação da propriedade da gestão, que os principais donos da propriedade não envolvidos na operação, precisam de um fórum próprio de atuação e acompanhamento de seus negócios e neste caso, o conselho de administração – principal instrumento de governança corporativa – é apropriado e muito eficiente.

Outra grande vantagem da criação de conselhos de administração em empresas familiares de porte médio e grande é oportunidade de melhorar a qualidade da gestão através da contribuição de conselheiros externos qualificados.

Como é muito difícil encontrar um somatório completo de conhecimentos e experiências entre os familiares de uma única família, a contribuição de conselheiros externos pode ser de grande importância no preenchimento destas lacunas profissionais, proporcionando uma melhoria na eficiência geral da empresa. No Brasil, isto já está acontecendo uma vez que, ao lado de inúmeras empresas familiares que hoje lançam mão deste tipo de contribuição externa, já existem profissionais de mercado, cuja principal atividade é a de participação em conselhos de administração de empresas familiares.

As vantagens que uma boa governança corporativa podem trazer para uma empresa familiar, em termos de imagem são muito significativas pois alguns agentes de mercado não veem com bons olhos a empresa familiar, principalmente pela falta de planejamento ou mesmo de processos padronizados.

A prática de uma boa governança corporativa melhora a imagem junto a esses agentes, sejam eles, clientes, fornecedores, governo ou bancos. No Brasil, o governo federal está considerando a possibilidade de premiar empresas de capital aberto que pratiquem boa governança corporativa, através de empréstimos com taxas de juros favorecidos e isto pode vir a ser estendido para empresas de capital fechado.

Finalmente, muitas empresas familiares brasileiras estão hoje se associando, algumas pressionadas pelo processo acelerado de globalização e outras, na busca de sinergia para os seus negócios, visando enfrentar uma concorrência cada vez mais acirrada. Outras, por conflitos entre seus familiares, ou mesmo, por falta de competência ou interesse de seus acionistas ou sócios, não possuem outro caminho, a não ser o processo de venda.

Em muitas circunstâncias, as boas práticas de governança corporativa têm tornado as empresas mais atrativas para associações ou mesmo para venda. Por todas essas razões, muitas empresas familiares brasileiras de porte médio e grande, estão se valendo, mais e mais, de conselhos de administração.

 

Sobre o Autor

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Rudi Birgman

Sou um profissional com formação na área de Tecnologia e Ciências Sociais acumulando grande experiência profissional atuando nas áreas de Operações, Gestão e Desenvolvimento Humano de empresas do segmento de serviços, indústrias, varejo dos mais diversos portes. Trabalho na área de treinamento e desenvolvimento e sou professor.
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