SUBDESEMPENHO SATISFATORIO

O subdesempenho satisfatório provoca letargia nas empresas e prejudica o negócio. Contamina os colaboradores e os impede de entregar melhores resultados.

Este tema não é novo e meu primeiro contato com assunto foi por intermédio de Moises Assayag, um grande executivo com quem tive a oportunidade de trabalhar há alguns anos. Em várias oportunidades Moisés citava as pesquisas da professora Betânia Tanure, autoridade na Área de gestão e estratégia ao falar de subdesempenho satisfatório. O assunto volta à tona sempre que o mercado passa por pressões de natureza econômicas ou políticas, exigindo uma nova postura das empresas. Em ondas como a que estamos acostumados a viver no Brasil. A professora Betânia se concentra no impacto desta síndrome em empresas, onde executivos freneticamente buscam resultados e se vangloriam deles, muitas vezes iludindo-se com números de balanços e outros indicadores de rentabilidade.

O subdesempenho satisfatório ataca empresas e outras instituições, inclusive governos. Pode ser classificado como uma patologia (doença) na qual os líderes de uma organização, muitas vezes tomados por ilusões quanto ao sucesso alcançado, não percebem problemas que a acometem, e que podem leva-la a um subdesempenho futuro. Ou se os problemas são percebidos, são menosprezados.

Crescimento e lucro trazem reconhecimento e comemoração. Os dirigentes passam a ver sua foto na capa de publicações empresariais. E começam a acreditar quando outros dizem que eles são os melhores, que todo o sucesso foi causado pelo seu brilhantismo. Começam a viajar e a conceder entrevistas, dizendo a outros como obtiveram sucesso apesar de todas as enormes dificuldades enfrentadas. Pronto: O clima está pronto para o subdesempenho satisfatório instalar-se.

O curioso é que esta síndrome pode ocorrer tanto nas grandes como nas pequenas empresas. Nas grandes empresas, pelo comodismo dos resultados do passado que deram certo, os concorrentes são relativamente pequenos e nunca preocupou, a margem do lucro líquido está¡ satisfatória para os acionistas, os clientes precisam dos produtos, etc. Nas pequenas empresas, por falta de informação, dificuldade nas pesquisas, processo de informação ainda gerado pelos dados do escritório de contabilidade externo, que muitas vezes se limita a escriturar os livros fiscais e providenciar o recolhimento dos tributos.

A execução é o “calcanhar de Aquiles” da gestão. Frequentemente projetos bem elaborados fracassam no momento da realização. Realizar, ou seja, tornar real, fazer acontecer um projeto, exige muito mais do que uma ideia na cabeça.

O empresário tem que se confrontar com questões de ordem técnica, organizacional e cultural. E precisa estar atento para que ele e sua empresa não caiam na armadilha do subdesempenho satisfatório.

 

 

Betânia Tanure é doutora pela Brunel University (Inglaterra), psicóloga pela PUCMG, professora da PUC-MG e convidada do INSEAD (França), Trium (NY University, London School of Economics, HEC) e London Business School. Foi diretora da Fundação Dom Cabral durante dez anos. É consultora da BTA (Betânia Tanure Associados), atuando em empresas nacionais e internacionais nas Áreas de gestão empresarial, gestão de cultura, liderança e equipes de alta performance. É membro do conselho de administração de grandes empresas brasileiras. Autora de diversos livros, artigos, papers e cases publicados no Brasil e no exterior.

Sobre o Autor

Picture of Rudi Birgman

Rudi Birgman

Sou um profissional com formação na área de Tecnologia e Ciências Sociais acumulando grande experiência profissional atuando nas áreas de Operações, Gestão e Desenvolvimento Humano de empresas do segmento de serviços, indústrias, varejo dos mais diversos portes. Trabalho na área de treinamento e desenvolvimento e sou professor.
0 0 votes
Avaliação do artigo
guest

Esse site utiliza o Akismet para reduzir spam. Aprenda como seus dados de comentários são processados.

0 Comentários
O mais velho
O mais novo Mais votado
Inline Feedbacks
View all comments